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Depois que vim para Machadinho minha vida mudou, afirma Otília Baratieri Pompeo

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0001 - Depois que vim para Machadinho minha vida mudou

Uma linha divisória em sua vida, assim é definido por Dona Otília Baratieri Pompeo o momento em que se mudou com a família para Machadinho. Segundo ela, a infância e os momentos que marcaram sua vida antes de mudar-se para a terra do balneário foram muito difíceis – a vida na agricultura nunca foi fácil para a família. Otília é natural de Caseiros – RS.
“Quando nós viemos morar em Machadinho nossa vida mudou bastante. Nós trabalhávamos na colônia e era muito difícil, o meu marido bebia um pouco”, relatou sobre o momento em que a família mudou-se para a terra do balneário.
O que motivou a decisão foi a possibilidade de trabalhar na cidade e também o fato de dois dos irmãos de Otília já residirem em Machadinho. “Nós viemos atrás de serviço porque na colônia não dava. Tinha que trabalhar de peão, tinha bastante criança, era aquela trabalheira, aí eu vim e falei com os meus irmãos que moravam aqui, eles arrumaram serviço para o meu marido”, revelou.
O marido Alipio, que hoje é falecido, iniciou a trajetória profissional em Machadinho trabalhando ao lado do filho mais velho, prestando seus serviços em uma serraria do município. “Ele começou trabalhando em uma serraria, depois foi para a prefeitura, e assim foi melhorando”, comentou Otília.
Uma das principais dificuldades relatadas por ela é a criação dos 15 filhos, principalmente pela época que não apresentava das mesmas possibilidades que hoje podem ser acessadas para desempenhar as mais diversas tarefas do dia a dia. “Eu até perdia os filhos no meio da roça; enrolava eles em um pedaço de pano e colocava em baixo de um pé de milho, ia carpir e depois não encontrava mais às vezes”, relembrou.
“Quando chegava em casa os filhos estavam ‘paladinhos’, dormindo no chão; pegava e colocava na cama nos colchões de palha. No inverno era dura a mão”, comentou Otília. Os colchões utilizados pela família eram feitos, além de palha, com roupas velhas, “tinha que dar um jeito”, disse.
A família não morava na própria terra, trocava serviço pelo lugar onde residiam. Na troca pelo serviço também recebiam o leite que ajudava alimentar e criar os filhos. “Eu tirava pasto para as vacas do patrão e ganhava o leite para dar pra eles (filhos) de manhã e de tarde”, contou.
Como prova das dificuldades enfrentadas pela família na época em que ainda trabalhavam no interior de Caseiros, Otília cita uma passagem marcante. “Eu sofri demais, não tinha nem roupa. Quando lavava a minha roupa tinha que colocar a roupa dele (marido) enquanto esperava secar, tudo isso aconteceu”, comentou.
Por outro lado, um dos melhores momentos presentes na lembrança de Otília é quando o falecido marido parou de beber. “Foi quando ele parou de beber, ele começou ir no AA (Alcoólicos Anônimos), daí melhorou. Ele trabalhava na prefeitura, recebia e fazia o rancho, com isso melhorou bastante”, relatou.
A construção da casa onde mora hoje ao lado do filho Altair também foi uma conquista, conforme a machadinhense. “Nós ganhamos um lote do meu irmão e fizemos uma casa que ganhamos da Prefeitura. Depois eles (os filhos) aumentaram um pedaço e melhorou mais ainda”, comentou. “Tava quase caindo a casa daí a minha filha foi lá na Prefeitura e falou pro prefeito – foi só levar a escritura do lote”, acrescentou.
Sobre a criação dos filhos, ficaram os momentos de dificuldade, porém o orgulho por ter conseguido ver quatro deles trabalhando como policial enche as palavras que saem da boca de Otília. “Me vem um orgulho no coração por saber disso, saber que meus filhos conseguiram ser policiais”, revelou.
O exemplo dado aos filhos, de acordo com Otíla, sempre foi de que o trabalho precisava estar presente na busca pelos objetivos de vida. “O Alípio (marido) fazia aquele negócio de engraxar sapatos e eles iam ganhar os ‘troquinhos’ deles. Numa parte do dia eles iam na aula e em outro iam engraxar sapatos”, relembrou
Apesar da idade, que se aproxima dos oitenta anos, e dos obstáculos que a vida impôs e precisaram ser superados ao lado do marido, Otília preserva o bom humor, que se manifestou quando o repórter do Jornal Folha da Club, Alex Neuhaus, perguntou sobre quantos filhos teve. “Eu tive quinze filhos. Era como o doutor sempre dizia: ‘naquele tempo não tinha televisão, daí aumentava ligeiro os filhos’”, contou no mesmo momento em que o riso saiu solto.
Dos quinze filhos gerados pelo casal, apenas doze estão vivos. Três deles faleceram ainda crianças. Contudo hoje a família expandiu bastante, já são 27 netos e 12 bisnetos.
Uma das maiores alegrias que a vida traz nos dias atuais é justamente reunir sua família, quando recebe o carinho de seus descendentes. “Eu tenho uma alegria muito grande quando vejo todos eles juntos, fico realizada. No meu aniversário eles sempre fazem festa. Fico ansiosa pelo momento que eles vêm aqui”, revelou.
Além dos momentos em que todos os filhos estão reunidos, a presença constante de um deles, o Altair, é de extrema importância na vida de Otília, já que é ele quem está presente nos momentos em que precisa de cuidados especiais. “Eu tenho um filho que mora aqui pertinho; quando eu não estou bem ele me leva no hospital. Seguido ele me leva fazer soro”, disse Otília.
Sobre a presença de Deus, Otília é convicta que Ele esteve ao seu lado nos principais momentos de sua vida, tanto que sempre fez questão de deixar como herança aos seus filhos o costume de confiar e respeitar a força Divina. Fazia isso levando-os na Igreja em todos os momentos possíveis.

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