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Dorvil e Maria dos Santos – uma bonita história de 55 anos de casados

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Dorvil e Maria dos Santos contam sua história de 55 anos de casados

Foi de braço a braço, comenta Dona Maria José Batista dos Santos, ao lembrar-se da trajetória percorrida ao lado do companheiro, Dorvil dos Santos. Já são 55 anos de matrimônio, o que resultou em uma bonita família, composta por seis filhos, doze netos e dois bisnetos.
O casal não nasceu em Machadinho, mas foi na terra do balneário que os dois cresceram, se conheceram e percorreram a trajetória no matrimônio. Dona Maria mudou-se do município de Guaporé ainda bebê, enquanto Dorvil veio de Chapada, quando ainda era uma criança.
Ambos moravam no interior do município. A família de dona Maria fixou residência na Linha Encruzilhada e a de Dorvil residia na Linha Tigre, onde trabalhou por anos na serraria da família Ventura.
De acordo com o relato de Maria, Dorvil era responsável pelo setor de beneficiamento de costaneiras de madeira junto à serraria. “Tinha aproveitamento de madeira. Ele (Dorvil) aproveitava as costaneiras, fazia bordalezas que iam para Erechim para fazer pipas de bebida. Isso que ele fazia dentro da serraria”, contou. Quando o repórter Alex Neuhaus foi até a residência do casal para realizar a entrevista, Seu Dorvil não se encontrava, havia se deslocado a Passo Fundo para realizar consulta médica. Dona Maria foi quem repassou as informações sobre eles.
Maria também passou a morar na Linha Tigre ainda muito jovem. Seus pais faleceram quando tinha apenas quatro anos de idade, quando passou a morar com Dona Elza “a mãe do Valdir Ventura”. “Ela foi como uma mãe para mim, ‘parei’ muito tempo ali com ela. E foi lá que a gente se conheceu”, declarou.
O casamento aconteceu depois de quatro anos de namoro – que não era como nos dias de hoje, conforme fez questão de frisar, Dona Maria. “Naquele tempo não era como é agora, que namora de manhã e de tarde já vão morar juntos. Não, nós namoramos quatro anos e depois que casamos”, relembrou.
Uma das maiores diversões do casal sempre foi dançar, gosto preservado ao longo das décadas. O hábito só não se mantém até hoje porque Dorvil enfrenta problemas físicos que limitam a atividade. “Nós éramos novos, gostávamos de dançar. Eu nem sabia, foi o Dorvil que me ensinou. Agora não estamos conseguindo mais, mas senão sempre íamos na Terceira Idade”, disse Maria.
A vida de casados proporcionou esses momentos de diversão, porém, foi muito além disso. O sacrifício para criar a família foi um desafio constante. Logo depois de casados, nossos entrevistados partiram para a vida independente, trabalhando o seu próprio pedaço de chão. “A gente tinha que trabalhar. Às vezes chegava meio dia, vinha para casa da roça e o feijão não estava cozido, tinha que fazer outro almoço. Mas era assim, tinha que trabalhar porque, já pensou, criar uma família não era bem assim”, relatou a matriarca.
Uma das atividades desenvolvidas ao longo dos anos foi a produção de farinha de mandioca, nas conhecidas tafonas. A produção era expressiva, sendo que sempre havia três ou quatro diaristas trabalhando na propriedade. “Nós plantávamos alqueires e alqueires de terra, tudo com boi. Ele (Dorvil) envergava a terra, eu espalhava as ramas e os peões tampavam. Eles me davam três vergas de adiantamento e eu ‘vencia’ eles”, comentou Maria, sobre a forma como o trabalho era desenvolvido.
Quando o marido precisava ir até a cidade para resolver os negócios, Maria não deixava de trabalhar, com o que precisasse. Mesmo quando os bois de serviço eram ainda redomões, a lida era encarada por ela. “Tinha uns terneiros meio novos, bravos, mas eu ia lá e pegava eles, palanqueava, pegava o outro que era manso, encostava, encangava e ia para a roça lavrar”, relembrou. “Para mim não tinha serviço e nem tempo ruim. Se precisasse, pegava um cesto de milho quebrado, boleava no ombro e levava onde tinha que levar”, afirmou.
Sobre a forma como se relacionavam com os vizinhos no interior, Maria ressaltou que as amizades eram mais fáceis. “A gente trabalhava a semana inteira, mas na quarta-feira a gente descia no Tigre e lá tinha jogo de vôlei para a ‘piazada’, e eu tinha as amigas. Eu ‘prozeava’ com elas, íamos lá para o salão e ficávamos até umas horas da noite. Quando era uma horas da noite íamos para casa. No outro dia era todo mundo trabalhando do mesmo jeito”, comentou Maria, citando a Dona Neli, do posto de lavagem como uma das pessoas com as quais desfrutava de uma amizade franca e verdadeira.
O trabalho árduo e o sacrifício enfrentado pelo casal ao longo dos anos não foram motivos para deixar de repassar os melhores ensinamentos aos filhos e direcioná-los para os mais corretos caminhos. A gente sofreu na vida, mas graças a Deus conseguimos manter nossos filhos na aula e fazer com que tivessem sempre respeito com a gente. Eles sempre foram muito humildes. Não precisava nunca a gente bater, um conselho já era o suficiente”, ressaltou.
Todo o esforço se mostra recompensado quando o casal consegue reunir os filhos, netos e bisnetos ao seu redor. “Quando os filhos chegam, a gente fica naquela alegria. Quando cada um vai seguindo o seu caminho parece que a casa fica vazia. Mas graças a Deus eles sempre saem para o caminho certo”, constatou.
O relacionamento com o marido sempre foi construído com bases sólidas, relatou Maria. Especialmente quando moravam no interior, o trabalho dava o ritmo da harmonia da vida a dois. “A gente se dava muito bem, ainda mais quando morávamos na colônia. A gente vivia uma vida muito feliz. Trabalhávamos de sol a sol, mas éramos sempre unidos. Conversávamos, nos divertíamos, era tudo sempre unidos”, concluiu.

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