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Mais pinhão! Professor da UFPR cria técnica que aumenta produção e pode salvar Araucárias da extinção

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pinhao

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Neste mês de abril estão sendo colhidos os primeiros pinhões vindos de pinheiros araucária selecionados e enxertados durante uma pesquisa do professor pós-doutor Flávio Zanette, do setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que há 37 anos se dedica a estudar essas árvores que são símbolo do Paraná. Segundo o professor, que é referência no tema, a técnica pode salvar o pinheiro araucária da extinção, tornando-a uma planta de alto interesse econômico como produtora de pinhões. Essas últimas araucárias foram enxertadas em 2017, com uma planta matriz que fica em Santa Catarina.

A técnica do enxerto em árvores frutíferas é comum. Ela é usada por produtores para diminuir o tempo de geração de frutos e, também, oferece a vantagem de diminuir o tamanho das plantas, o que facilita o manejo. No caso das araucárias, isso ainda não havia ocorrido. Zanette explica que as árvores enxertadas em 2017 produzirem pinhões em 2022 é extremamente precoce.

“Na natureza, o pinheiro depois de plantado leva cerca de 15 anos para dar pinhão. A enxertia adequada com material adulto e a seleção de uma matriz produtiva de alta qualidade e produtividade prova, agora, que é possível selecionar grandes matrizes altamente produtivas ou com pinhões especiais. O resultado mostra, também, que é possível clonar as matrizes por enxertia e elas iniciam a produção de pinhões precocemente, como todas as plantas frutíferas enxertadas”, aponta o pesquisador.

Mais pinhões produzidos
O tronco enxertado na pesquisa de 2017 tem como origem o clone de uma araucária existente em Caçador, que chegou a produzir 674 pinhas num só ano, cinco vezes mais que outras plantas. “Com o resultado alcançado em 2022, a araucária estará salva, porque plantar a árvore com essas características será altamente lucrativo para o proprietário rural. Se antes o agricultor não plantava porque não podia derrubar o pinheiro, agora o interesse dele será colher os pinhões e comercializá-los. Isso lhe dará, ao longo do tempo, uma renda superior ao cultivo de soja ou qualquer outra cultura por hectare”, projeta Zanette.

Outro ponto interessante é que os pinhões tendem a não perder a qualidade ao longo do tempo, pois não avançam de geração. “As árvores vêm da mesma matriz. São clones da mesma fonte. Quer dizer que eles não são filhos, são irmãos gêmeos que não perdem as suas características com o passar dos anos”, disse o professor. Além disso, segundo Zanette, o potencial econômico da madeira da árvore pode ficar para futuras gerações. “Em 70 anos, a madeira desses pinheiros poderão ser aproveitadas. Com um grande número de nós que possui o tronco, significa que há muita energia que pode ser aproveitada como biocombustível”, destaca.

As plantas matrizes estão produzindo em vários locais, especialmente no Setor de Ciências Agrárias da UFPR, com quantidade impressionante de pinhas na mesma árvore, exatame

O professor Zanette também trabalha em um viveiro particular. Nele, há mudas de pinheiros mais comuns e sem enxerto como o Caiová, mas também enxertados da árvore de Caçador e de uma matriz de Lages (SC), que o professor chama de “Gigante”. “A de Lages foi campeã em tamanho de pinha. Ela já produziu uma pinha de 9 kg e, normalmente, ela produz pinhas de 5 kg a 7 kg”, revela.

As mudas são comercializadas, mas é preciso um cadastro de reserva para garantir a compra das plantas. Há diferença de preço entre as enxertadas e as não enxertadas, para que o se cubra o valor dos royalties das plantas matrizes. “Estamos negociando com vários produtores. Neste ano, há um grande volume que vai para Minas Gerais. Não é muita gente que sabe, mas na região de lá, o pinheiro se desenvolve muito bem. Uma verdadeira descoberta”, conta Zanette

Pesquisa e proteção aos pinheiros
O sucesso da pesquisa, que há cerca de 20 anos conta com o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de Colombo, Região Metropolitana de Curitiba, também deve colaborar para uma mudança gradual no comportamento da população do campo. Conforme explica Zanette, a lei de preservação das araucárias tem seu valor, mas, por outro lado, ela acaba incentivando o proprietário rural a não deixar que novos pinheiros se desenvolvam.

“Eu explico. Como o produtor sabe que se o pinheiro crescer ele não poderá mais ser cortado, não poderá sofrer qualquer ação, esse produtor acaba arrancando um pé de pinheiro pequeno que tenha nascido na natureza. De forma indireta, isso acaba contribuindo para a extinção. Agora, não. Agora, ele sabe que o cultivo trará renda”, finaliza.

O contato com o Setor de Ciências Agrárias da UFPR pode ser feito pelo telefone (41) 3350-5620. O campus fica na Rua dos Funcionários, 1540, no bairro Cabral, em Curitiba.

Fonte: Tribuna Paraná

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