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Nascido na roça, Lino Bortolossi diz aos jovens: não esqueçam os trabalhos da roça porque a terra é o alicerce do mundo

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HISTÓRIA LINO BORTOLOSSI

Na edição dessa semana do Jornal Folha da Club, temos a satisfação de relatar um pouco da história de Seu Lino Bortolossi, que depois de ter trilhado sua trajetória na maioria do tempo trabalhando com a terra, deixa exemplos e ensinamentos, especialmente aos mais jovens, a quem deixa uma mensagem enfática: “Não esqueçam dos trabalhos da roça. Quem tem roça que continue trabalhando porque sem o trabalho da roça a gente não tem o que comer. O alicerce do mundo é a comida, é a terra, não existe nada melhor do que a terra.”
Hoje Lino é conhecido na região pela representação da marca New Holland, através da qual firma há décadas uma parceria com os produtores. Porém, a ligação com a terra é muito anterior a isso, vem de berço. “Eu nasci na Linha Gramado, onde deixei o umbigo enterrado”, comenta. “Depois resolvemos comprar um terreno na cidade, construímos uma casa e montamos uma lancheria. Depois de dezesseis anos trabalhando com a lancheria, cansamos nessa parte e resolvemos comprar uma agropecuária que estava sendo vendida e continuamos até hoje nessa luta, mas a gente não esquece do serviço da roça”, acrescenta.
Antes mesmo de adquirir a agropecuária Lino já trabalhava com as vendas de máquinas agrícolas. A parceria firmada com base em levar tecnologia aos produtores iniciou há aproximadamente 30 anos. “Eu comecei a trabalhar com venda de tratores da New Holland no dia vinte e três de fevereiro de oitenta e três”, relembra com memória precisa. “O primeiro trator vendido foi um ‘quatro e seiscentos’ para o Seu Adilson José Pegorini e até hoje ele continua sendo meu cliente”, destaca.
Quando olha para o início de sua trajetória nas vendas de tratores, Lino percebe a nítida evolução na forma como o trabalho com a terra é desenvolvido, já que os equipamentos que dominavam o mercado na época, hoje nem são mais comercializados. “Mudou tudo, a modernização chegou ‘né’. Naquele tempo nem existia trator traçado, era um que outro, hoje é só trator traçado e máquinas muito mais modernas”, analisa.
Sobre a evolução, Lino também volta o olhar para a forma como a realidade se apresentava ainda quando o sustento da família era retirado da terra por meio de trabalho braçal. “A gente trabalhava na enxada, na foice e no arado. Subíamos os morros e voltávamos carregados com os feixes de pasto para os porcos”, comenta.
O que mais chama atenção no depoimento prestado ao Jornal Folha da Club é como a alegria tomava conta das pessoas, mesmo com todo o desgaste físico imposto pelo trabalho da roça. “A gente subia cantando e voltava cantando, não tinha tristeza. Chegava de noite eram os filós nos vizinhos com uma lanterninha a querosene. A vida era gostosa”, relembra com saudade dos tempos da juventude.
Sobre a volta da roça para casa, um dos momentos mais difíceis era o que esperava na hora da higiene pessoal. “A gente ficava trabalhando até tarde na roça e a mãe ficava em casa esquentando umas panelas de água para misturar no chuveiro – aqueles chuveiros puxados com uma cordinha – para tomar o banho”, conta o maximilianense. Isso acontecia quando as temperaturas eram mais baixas. No período de verão os banhos eram no riacho, há aproximadamente 300 metros de distância da casa. “Tinha que ir lá tomar banho para poder dormir porque a poeira do soja, imagina né…”, declara.
Essa ligação com o riacho sempre foi muito forte, era inclusive uma fonte de alimentação para a família. “A gente estava trabalhando na roça na parte da tarde e o pai pedia para a minha mãe se tinha pão para tomar café no outro dia. Se a mãe dizia que não tinha pão ou que estava pouco para o café o pai me mandava antes para casa arrancar minhoca e pescar. A gente pegava uns oito, dez jundiás – peixe tinha a vontade no riacho. No outro dia de manhã a mãe fazia uma polenta com peixe frito e café com leite, e a filharada tudo em roda para depois ir de novo pra roça”, relembra.
Até hoje a pescaria é uma das formas de entretenimento preferidas de Lino, sempre com consciência dos limites da natureza, que devem ser respeitados para que o prazer possa ser desfrutado com continuidade. “Pescava para matar a fome e o esporte ficou na vida da gente, e eu gosto até hoje de pescar”, diz. “O pai sempre me dizia que quando chegasse a época da piracema ou coisa assim era para preservar a natureza porque ela tem os seus limites, tem que respeitar”, alerta.
Certamente não por acaso um dos principais diferenciais da loja agropecuária da família, a Agromax, é a comercialização de artigos de caça e pesca, tudo dentro dos limites da lei.
Voltando a abordar a forma de atuação no comércio, Lino percebe muito claramente a necessidade de preservar o bom relacionamento com seus clientes, firmado com base principal no respeito e na seriedade. “Eu não tenho medo de chegar em nenhum dos meus clientes, em qualquer um deles, desde trinta e poucos anos atrás até hoje. Onde eu chegar estou sendo bem recebido, de dia ou de noite. Ando de cabeça erguida e não tenho constrangimento nenhum com algum dos meus clientes, daquela época até hoje”, destaca.
Além de Adilson Pegorini, seu primeiro cliente, Lino também cita com carinho os parceiros que vêm de longa data trabalhando com ele na aquisição de maquinas em municípios da região. “Os meus primeiros clientes de Machadinho foram: o Seu Darci Taufer, o Seu Sadi Piana, o Arquimino Rebesquini, esses foram os primeiros com quem tivemos contato e dali em diante fomos sempre amigos da família e continuamos a negociar”, declara com orgulho sobre os vínculos de amizade estabelecidos ao longo dos anos.
Tal seriedade, fortemente preservada nas relações comerciais, também foi sempre pregada na educação dos filhos. “Eu sempre peço aos meus filhos para que continuem trabalhando e cuidando, sendo honesto com as pessoas principalmente. A parte principal da família é ser firme na palavra e poder andar de cabeça erguida”, revela.
Essa família, citada com orgulho por Lino, foi construída ao lado da companheira, Dona Celda D. Bortolossi, com quem teve seus três filhos – Suzene, Adersen e Paulo –, que por sua vez já lhes proporcionaram quatro netos.
Certamente a principal base de sua vida é a família, porém Lino também considera muito importante as relações conquistadas com os amigos ao longo da trajetória. “Não tem coisa melhor no mundo do que chegar em qualquer comunidade e ser bem recebido, encontrar amigos em qualquer lugar que a gente vá”, conclui.

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