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Professora Nelsi conta um pouco de sua história aos leitores do Jornal Folha da Club

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Professora Nelsi conta um pouco de sua história aos leitores do Jornal Folha da ClubHISTORIA 01

Nascida em Cacique Doble, a professora Nelsi Amália Silvestro Fontana escolheu Machadinho para morar, trabalhar e construir sua família. E hoje, nossos leitores têm a satisfação de conhecer essa bonita história.

Ao longo da vida os obstáculos foram sendo superados, as dificuldades sendo amenizadas pelo trabalho, esforço e dedicação, porém, Dona Nelsi observa que o início da trajetória não foi fácil, tendo perdido o pai aos 9 anos de idade. “Fiquei órfã. Ficamos em cinco com a minha mãe. Eu era a mais velha e tinha nove anos. Foi muito sofrido, passamos muito medo. A gente morava no interior de Cacique Doble”, relata.

Duas situações a trouxeram para Machadinho: o amor e a profissão.
Em um casamento na comunidade da Bela Vista, aconteceu o encontro com o companheiro Valdir, que a acompanharia pela vida inteira. A primeira troca de olhares aconteceu no casamento da “Tia Sunta”, no ano de 1959. “Nós casamos em sessenta e três em Cacique Doble, na Igreja Nossa Senhora de Lurdes com o Padre Bruno”, relembra a professora.

Já em relação à profissão, o início da caminhada em Machadinho aconteceu com o enlace matrimonial. Muito antes, porém, a atividade já era desempenhada. “Com dezessete anos eu já lecionava na comunidade de Santo Antônio”, diz.

Os degraus da vida foram sendo escalados com a superação de grandes desafios. Depois de casada, Nelsi optou por ampliar seus estudos, deixando os filhos com o marido Valdir e contando com o apoio da mãe. “Eu tive os filhos, parei um tempo e depois resolvi estudar de novo. Eu estudava em Cacique, ficava lá durante a semana. No final de semana o meu cunhado Leopoldo Brandão, trazia a mãe para ficar com as crianças e levava eu”, relembra. Nelsi aproveitou uma legislação aplicada naquela época que possibilitava a conclusão do ginásio em apenas um ano. “Em um ano fazia tudo. Essa lei saiu na época e depois já caiu. Eu tive sorte e aproveitei”, comenta.

Na sequência o desafio foi cursar o magistério, o que possibilitou a conquista de um contrato para lecionar na escola estadual do Distrito de Bela Vista. “Eu lecionava lá no município de São José do Ouro, na Linha Anta. Nós morávamos lá pertinho. Eu fiz o magistério por intermédio do município de São José do Ouro. Daí já ganhei um contrato na escola estadual de Bela Vista”, diz Nelsi.

A missão de ensinar, assumida pela professora, foi sempre levada muito a sério, tanto que mesmo lecionando, ainda procurou qualificação cursando uma faculdade. “Daí eu fui fazer uma faculdade, tudo assim, com as crianças pequenas”, relembra.
O que mais demonstra tal força de vontade é o fato de que era necessário conciliar os objetivos profissionais e os cuidados com a família. Isso só foi possível, segundo a própria Nelsi, com a compreensão recebida do marido Valdir. “Eu devo muito ao meu marido Valdir, ele cuidou muito das crianças. Sempre tinha uma mocinha aqui e ele sempre foi respeitoso. Me ajudou um monte. Só não lavava as roupas, o resto ele fazia tudo para as crianças”, relata.

Outra grande força para superar os desafios dessa etapa da vida foi dada pela mãe de Nelsi, que sempre esteve ao lado da família em todos os momentos. “Eu tinha os quatro filhos naquela época já. A minha mãe me ajudou demais. Dava para vir para casa só a cada quarenta dias. Foi bastante sofrido”, conta a professora.
Sobre a forma de ensino praticada no tempo em que esteve à frente de suas turmas na sala de aula, Nelsi comenta que houve mudanças significativas. De acordo com a professora, o ensino era globalizado. “Era uma aula globalizada. Até quando eu fiz o magistério e fiz o meu estágio ganhei um prêmio pela minha aula globalizada”, comenta.

Havia grande dificuldade também para oferecer alimentação aos alunos nas escolas. A professora conta que muitas vezes era necessário levar comida de casa para que as crianças tivessem acesso á merenda escolar. “As escolas não tinham nada na época. Às vezes, para dar merenda para os alunos, sobrava uma sopa de meio dia aqui (em casa) e eu dizia: ‘deixa que eu levo na escola e aumento um pouco para as crianças”, comenta.
A recompensa pelos anos de dedicação às salas de aula vem todos os dias pelo contato com os ex-alunos que manifestam continuamente o respeito e a valorização pelos ensinamentos recebidos na juventude. “A gente encontra os alunos, são pais de famílias, pessoas muito queridas. Até no face chamam a gente e dizem: ‘oh, minha professora querida!’, Isso é a maior recompensa”, analisa a professora.

O dom de ensinar foi estendido para a transmissão da mensagem religiosa. Durante 15 anos Nelsi foi catequista na comunidade de Bela Vista. “Eu sempre trabalhava na Catequese. Além da escola, nos sábados eu ia dar Catequese. Eu tinha um amor por aquelas crianças. Falar de Jesus para elas era tão bom”, relembra, com carinho.
A professora também sempre colaborou com a comunidade. Uma das lembranças mais marcantes foi a participação no Clube de Mães, do qual foi parte ativa ao longo dos anos. “O Clube tem vinte e cinco anos. Em uns dez anos eu fui presidente. Trabalhei bastante e gostei. Não me arrependo de nada que fiz”, ressalta. Nelsi foi presidente do Conselho dos Clubes de Mães de Machadinho durante 4 anos.

A coragem sempre esteve presente na trajetória da professora, tanto que o fato chamava a atenção das pessoas a quem era ligada. “Eu sempre fui corajosa. As pessoas diziam assim: ‘que determinada que você é! Por isso que sai as coisas.’”, revela. Essa coragem foi colocada à prova no momento em que perdeu um dos filhos gêmeos. O filho já nasceu sem vida.

Mesmo com alguns percalços apresentados pela vida, Nelsi ressalta a parceria constante estabelecida pelo casal ao longo dos anos. “Graças a Deus nos damos muito bem. Nossos filhos também se dão muito bem. Por isso completamos cinquenta anos de casados”, destaca. “Eu agradeço o Valdir por ter sido sempre muito compreensivo, sempre muito companheiro, confiou em mim em todas as situações”, agradece. Com o companheiro teve quatro filhos: Edson, Adilson, Lidiana e Emerson.

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