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Morei em vários lugares, mas só em Machadinho a vida engrenou, afirma Amélia Grison

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Morei em vários lugares, mas só em Machadinho a vida engrenou, afirma Amélia Grison AMÉLIA GRISON

Moradora de Machadinho há mais de 50 anos, Dona Amélia Joana Biavati Grison afirma que antes de fixar residência definitivamente no município passou por vários outros lugares, porém só na atual morada a vida passou a dar certo e os objetivos começaram a ser alcançados.
Natural de Cacique Doble, Amélia mudou-se para Machadinho com 15 anos de idade, quando seu pai Armando Biavati elegeu-se prefeito do município. Aos 17 anos casou-se com Arcângelo Grison, com quem teve quatro filhos. “Vim pra cá em 64 quando meu pai foi eleito o segundo prefeito da cidade. Depois de dois anos que estava aqui eu casei”, conta.
Amélia morou em Machadinho um ano depois de casada, período em que teve o primeiro filho, Alceu. Depois disso o casal aventurou-se a desbravar novos horizontes. “Fiquei um ano aqui e tive o meu primeiro filho, o Alceu, que é aquele que trabalha no banco, e fui embora para Cruz Alta”, relata.
O verbo aventurar revela bem o cenário daquele momento já que seu marido Arcângelo tinha um bom emprego do qual deixou para arriscar-se em uma nova atividade. “O meu marido era muito bem empregado, ele era fiscal da fazenda, deixou do emprego e foi cuidar de uma granja. Não deu certo”, conta Amélia.
A próxima morada do casal foi no estado de São Paulo. “Tinha um irmão dele (Arcângelo) que era padre e quis que a gente fosse para São Paulo. Eu morei 18 quilômetros para diante de Itu, em um bairro, fiquei lá um ano e meio também e não deu certo, foi quando a gente voltou para Machadinho”, revela.
Este período de aproximadamente três anos em que a família morou fora de Machadinho trouxe muitas dificuldades. Uma delas aconteceu no momento do parto do segundo dos filhos do casal. “Eu ganhei um filho sozinha. Quando a parteira chegou fazia uma hora que ele tinha nascido”, relembra Amélia. “Era longe do recurso, não tinha como”, acrescenta.
Outra grande dificuldade relatada por Amélia foi o fato de que tinha que lavar as roupas da família de joelhos em um açude. “Eu lavei roupa ajoelhada em tábua por três anos. Um ano e meio em Cruz Alta e lá em Itu também, mais um ano e meio”, conta Amélia.
A passagem do período em que a família residiu fora de Machadinho é resumida por Amélia da seguinte forma: “Nos três anos que fiquei fora de Machadinho nós só sofremos e não fizemos nada. A vida começou engrenar depois que voltamos para cá”, analisa.
Também deixaram lembranças de dificuldades as muitas mudanças que a família realizou ao longo dos tempos. Amélia conta que foram 25 no total. “Chegava numa casa, organizava a casa, limpava, depois o dono vinha oferecer se nós queríamos comprar… Mas não tinha como, tinha que sair. Esses momentos foram de muitas dificuldades”, avalia.
Mesmo depois de voltar para Machadinho, a vida não foi fácil para o casal, somente depois de algum tempo surgiram oportunidades que possibilitaram uma melhoria na qualidade de vida da família. “Depois que vim para cá eu tive o Alcir e a Adriana (filhos), mas sempre com muitas dificuldades”, comenta.
Somente o marido trabalhava depois de chegar novamente a Machadinho. Este cenário modificou-se quando surgiu a oportunidade de adquirir um estúdio fotográfico, porém o negócio só se concretizou com a ousadia e força de vontade de Dona Amélia. “O meu marido disse: ‘eu não vou poder’. E eu disse: ‘pegue que eu toco o estúdio’”, relembra. “Eu fiquei trinta anos tirando foto aqui. Graças a Deus sustentei a minha família e eles estão aí onde estão hoje”, ressalta. Dona Amélia só deixou de fotografar quando seu marido faleceu, há 12 anos.
Apesar de relatar momentos difíceis vividos ao longo de sua trajetória, Amélia destaca algumas realizações proporcionadas pela vida. Uma das bênçãos reservadas pelo destino, segundo a própria Amélia, foram seus filhos. “Os meus filhos são a riqueza que eu tenho. São a base de toda a família. Eles são maravilhosos, qualquer um deles”, comenta.
A relação com os filhos é muito próxima, porém é ainda mais com os dois que residem em Machadinho. Com Alceu, Amélia revela que toma chimarrão todas as manhãs e com Alcir, o mais jovem dos quatro, almoça todos os dias junto. “O Alcir almoça todos os dias comigo. Eu faço comida para a família dele e para mim, é ele que sustenta a casa. E o Alceu vem todas as manhãs tomar o chimarrão e o café da manhã comigo. Não tem dinheiro que pague isso”, comenta Amélia.
Ao falar sobre o falecido marido, que veio a óbito vítima de câncer aos 62 anos de idade, Amélia fala que o companheiro foi exemplo de pai e de marido. “Nós sempre nos demos muito bem. Só tenho boas lembranças. Ele era um bom marido e um bom pai”, destaca.

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