Há muitos nomes que podem ser considerados fundamentais para a classificação do Fluminense às quartas de final da Copa do Mundo de Clubes. Entre eles, é impossível não citar Thiago Silva. O capitão tricolor viveu uma epopeia na vitória por 2 a 0 sobre a Inter de Milão, nesta segunda-feira, em Charlotte, com direito a atacar de “treinador” e reafirmar a sua soberania contra os italianos.

Para além da vaga, Thiago Silva deixa o Bank of Americas Stadium com um doce especial na boca. Isso porque, além de defender o Fluminense na busca pelas quartas de final, o zagueiro também lutava para reafirmar a sua soberania contra a Inter de Milão — e conseguiu. Aos 40 anos, ele volta a ter saldo positivo contra o adversário italiano.

Agora, Thiago Silva tem quatro vitórias nos sete jogos que fez contra a Inter. Vale lembrar que ele também é ídolo do Milan, maior rival do adversário desta Copa do Mundo de Clubes e equipe ao qual defendeu por três temporadas, quando atuou na Itália, entre 2009 e 2012.

Diante da Inter de Milão, o capitão também volta a atuar após ser poupado contra o Mamelodi Sundows, na terceira rodada da fase de grupos. Thiago não sofreu lesão, mas as dores musculares o fizeram ficar no banco de reservas contra os sul-africanos devido ao risco de agravar e se transformar num problema. Melhor fisicamente, levou a melhor nos confrontos contra Lautaro Martínez, Marcos Thuram e Esposito.

Mas foi atacando como uma espécie de treinador que Thiago Silva brilhou em Charlotte. Dentro de campo, foi praticamente um auxiliar de Renato Gaúcho. O ge conseguiu captar algumas momentos que mostraram o tamanho do papel de liderança do zagueiro para ajustar taticamente o Fluminense diante da Inter de Milão.

Na primeira delas, aproveitando uma pausa no primeiro tempo, o zagueiro procurou Freytes para orientá-lo após o argentino rifar bolas em sequência. A conversa foi ao pé do ouvido e a afobação do defensor pareceu diminuir nos lances seguintes. Na frente da zaga, Bernal também era orientado sobre o seu posicionamento em diversas oportunidades.

Outra orientação aconteceu durante uma parada para hidratação aos 30 minutos do segundo tempo. Thiago Silva e Renato Gaúcho alertaram aos companheiros de Fluminense que os atacantes da Inter de Milão estavam empurrando os atletas tricolores nas bolas levantadas na área e o árbitro não estava marcando falta. Neste caso, foi um aviso para ficarem ligados e não tentar cavar uma infração.

Por fim, na mais viral entre elas, o zagueiro propôs uma mudança no posicionamento de Arias. Vendo que o colombiano já estava muito desgastado fisicamente, Thiago Silva sugeriu a Renato que mudasse o esquema do Fluminense para um 5-4-1. Everaldo assumiria as funções de marcação do colombiano, e Arias ficaria mais fixo à frente, como um centroavante.

Ao questionar a sugestão de Thiago e o risco de o Fluminense sofrer em demasia com bolas aéreas na defesa, Renato ouviu do próprio Everaldo que o camisa 9 teria condições de cumprir o combinado e marcar os adversários

As sugestões táticas de Thiago Silva viraram assunto no pós-jogo. Questionado sobre a liderança do zagueiro em campo, o lateral Samuel Xavier destacou o papel de Thiago Silva na hora de propor alterações no esquema, como aconteceu nesta segunda-feira:

— O Thiago tem uma visão diferenciada. É um grande líder, um grande capitão. Tem uma visão tática muito acima. Ele consegue enxergar e mudar algumas coisas dentro de campo que são importantes para gente, vê o jogo em uma posição que consegue enxergar o campo.

Renê, por sua vez, destacou as chances de convocação do camisa 3 mesmo aos 40 anos. O lateral-esquerdo detalhou as cobranças de Thiago, “um treinador dentro de campo”, no cotidiano do Fluminense.

— Quem olhar o que o Thiago tá jogando, dificilmente fica fora da Seleção. É um cara que dispensa comentários. Claro que ele já tem uma certa idade, mas isso só dificulta para ele quando está jogando no Brasil. Jogo a cada três dias, viagem, clima diferente. Mas é um cara que passa o dia se recuperando, cobrando a recuperação dos outros. É um líder, como o Renato fala. É um treinador dentro de campo. É um cara que a gente costuma estar sempre ouvindo.

Fonte: ge